A
ARTE DE GOSTAR DA ARTE está cada dia mais difícil. Uma expressiva gama de maus
críticos, entendidos e especialistas se esmera em espalhar “boas novas” para os
incautos que, na falta de referências dissonantes (quando a inteligência dá pra
ser burra, quem segura?) vai atrás de suas dicas e, claro, se dá mal, muito
mal. O 20º POA EM CENA foi um exemplo dessa triste sina. Esclareço que sou fã
do evento, a despeito das merecidas ressalvas, mas, em 2013, foi um show dos
horrores total. Das seis ou sete peças a
que fui, não vi UMA que me enchesse os olhos, inebriasse os sentidos, me
fizesse querer mais. Gostei de um ou dois, odiei a maioria, me conformei com
uma coisa que outra, então me pergunto: quem fez essa seleção de merda? Aliás,
foi no meio de muita merda que assisti a última peça, que me abstenho de
avaliar porque questões de natureza pessoal combinadas com um péssimo lugar me
fizeram desistir antes da metade. O fato é que o fim só veio a coroar o todo,
ruim em todas as medidas. A pior peça de todas foi a Orestéia de Ésquilo, que
não tinha ação, figurino, sequer luz exceto uma lâmpada de cozinha ao fundo do palco,
ou seja, não dava pra VER nada. Atores inaudíveis mataram o que sobrava. A pergunta óbvia: se não era pra ver, pra que
encenar? Programa de rádio se sairia melhor. Mas aí vem um carinha na ZH de
sábado dizendo ser a melhor coisa deste POA EM CENA! Isso tudo me encheu os
tubos. O pior é que esse cara não é exceção, é regra no meio da crítica (quem
teve o azar de assistir o uruguaio Hiroshima ou os últimos filmes do incensado
Terrence Malik nas telas sabe bem do que
estou falando) e, como ainda temos pela frente uma Bienal do Mercosul, com seu
viés instalatório a mil, como sói, acho que está mais do que na hora de os amantes da
arte ou, no mínimo, de um bom entretenimento, se ajudarem, da maneira mais
simples: denunciando o que não presta. Proponho que quem não gostar de um filme, peça, exposição, livro,
show, espalhe aos quatro ventos a notícia. Não precisa se preocupar em
fundamentar tecnicamente nada, nem citar estudiosos de qualquer calibre, basta
fazer uso de um ou dois critérios de bom senso e dizer: gente, é roubada, não
presta, pretensão pura, bola furada. Precisamos nos emancipar da crítica
elitista e pretensiosa que tomou conta do panorama cultural. Por uma arte que
seja prazer, não castigo.
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