domingo, 22 de setembro de 2013

A ARTE DE GOSTAR DA ARTE

A ARTE DE GOSTAR DA ARTE está cada dia mais difícil. Uma expressiva gama de maus críticos, entendidos e especialistas se esmera em espalhar “boas novas” para os incautos que, na falta de referências dissonantes (quando a inteligência dá pra ser burra, quem segura?) vai atrás de suas dicas e, claro, se dá mal, muito mal. O 20º POA EM CENA foi um exemplo dessa triste sina. Esclareço que sou fã do evento, a despeito das merecidas ressalvas, mas, em 2013, foi um show dos horrores total.  Das seis ou sete peças a que fui, não vi UMA que me enchesse os olhos, inebriasse os sentidos, me fizesse querer mais. Gostei de um ou dois, odiei a maioria, me conformei com uma coisa que outra, então me pergunto: quem fez essa seleção de merda? Aliás, foi no meio de muita merda que assisti a última peça, que me abstenho de avaliar porque questões de natureza pessoal combinadas com um péssimo lugar me fizeram desistir antes da metade. O fato é que o fim só veio a coroar o todo, ruim em todas as medidas. A pior peça de todas foi a Orestéia de Ésquilo, que não tinha ação, figurino, sequer luz  exceto uma lâmpada de cozinha ao fundo do palco, ou seja, não dava pra VER nada. Atores  inaudíveis mataram o que sobrava.  A pergunta óbvia: se não era pra ver, pra que encenar? Programa de rádio se sairia melhor. Mas aí vem um carinha na ZH de sábado dizendo ser a melhor coisa deste POA EM CENA! Isso tudo me encheu os tubos. O pior é que esse cara não é exceção, é regra no meio da crítica (quem teve o azar de assistir o uruguaio Hiroshima ou os últimos filmes do incensado Terrence Malik  nas telas sabe bem do que estou falando) e, como ainda temos pela frente uma Bienal do Mercosul, com seu viés instalatório a mil, como sói, acho  que está mais do que na hora de os amantes da arte ou, no mínimo, de um bom entretenimento, se ajudarem, da maneira mais simples: denunciando o que não presta. Proponho que  quem não gostar de um filme, peça, exposição, livro, show, espalhe aos quatro ventos a notícia. Não precisa se preocupar em fundamentar tecnicamente nada, nem citar estudiosos de qualquer calibre, basta fazer uso de um ou dois critérios de bom senso e dizer: gente, é roubada, não presta, pretensão pura, bola furada. Precisamos nos emancipar da crítica elitista e pretensiosa que tomou conta do panorama cultural. Por uma arte que seja prazer, não castigo.