sábado, 30 de junho de 2012

O HOMO FICTUS DE LAF


Belo texto esse do Homo Fictus no caderno Cultura da ZH de 30/06/12. Gostei da tabelinha da literatura, seis verdades indissolúveis sobre a literatura como alimento de primeira necessidade, mas me ative principalmente na Imaginação. Isso porque estou coincidentemente na leitura desse tópico em Jovens de um novo tempo, despertai! De Kenzaburo Oe. O livro faz parte da coleção Nobel da Cia. das Letras e tem como tema a relação de um escritor com seu filho primogênito, deficiente mental. Em meio a estudos sobre o poeta Blake (às vezes um tanto cansativos, mas bem elucidativos sobre o cara), o escritor resolve criar um dicionário de definições para auxiliar o filho na sua ausência, de modo a que ele entenda, por exemplo, o que é morte. No capítulo que estou lendo, porém, ele se depara com o conceito de Blake sobre Imaginação: “A imaginação não é um estado: é a própria existência humana”. A partir disso, o grande tormento do escritor: como identificar a imaginação no filho excepcional? Ele se pergunta: “De que forma a imaginação existiria em Iiyo? Essa questão se agiganta e aflora. Mas na verdade foi com o intuito de chegar a tal questão que vim fazendo desvios até agora. Iiyo, você tem imaginação? Caso tenha, de que forma ela funciona? Até hoje, experimentei diversas vezes a dor de lhe fazer essas perguntas. Creio até que descobrir a resposta para elas é, antes de mais nada para Iiyo, naturalmente, mas também para mim, a maior dificuldade da vida. (...) como poderia eu reconhecer com tranqüilidade de espírito que meu filho é desprovido de imaginação, a função básica de toda a existência neste mundo?”.
Acho que nunca tinha pensado seriamente nesse assunto talvez porque ele esteja tão entranhado em mim que não consiga vê-lo como um valor acessório ou inexistente, mas a combinação de Kenzaburo Oe + Luis Augusto Fischer me deu o que pensar. Imaginação é, de fato, alicerce, não só da literatura mas da existência, como dizia o Blake. Não dá nem pra imaginar como é não imaginar, e, no entanto mesmo para isso precisamos de imaginação, como faz o pai-escritor de Iiyo. Gostei, LAF. Tnks.