terça-feira, 1 de maio de 2012

FESTIPOA GOODBYE


Acabou. Com chuva, algum vento, um frio que chegava sorrateiro e tomava conta do espaço onde a festa rolava despacito, despacito, como se houvesse muito tempo. Não havia. Aquele era o dia predestinado, todos sabiam disso. Começara cedo, quando a umidade ainda se concentrava nas cumulus nimbus que se aglomeravam no horizonte. O pessoal da técnica ocupando os elevadores com câmeras, microfones, fios, muitos fios, a gurizada da produção empilhando e empurrando cadeiras de uma sala para outra, telefones e torpedos tilintando a toda hora. Quem já chegou, onde estão, pra onde, como, quando, quantos, então tá, vamos ver, ok?
Chega a hora marcada, passa a hora marcada, público e convidados se ajeitam, se apresentam, soltam o verbo, João, Miguel e Carlos esbanjam o que sabem, os bocejos rareiam, a platéia se deleita e dê-lhe perguntas e dê-lhe respostas e o dia alcança o brilho para o qual fora proposto. Bons augúrios. Depois ainda tem a arte de Drummond, a voz do ventríloquo, quilates de poesia lida e contada em mais de seis minutos, o samba de Fabiana, Paulo e Marcelino, a música de uns carinhas bem legais, mesas  arredadas pro povo sacolejar e beber e dizer a que veio e essas coisas todas que se diz e troca quando a despedida é iminente e as saudades se prometem eternas.
Foi aí, bem aí, no meio do começo do júbilo da missão cumprida e s´mbora partir pra outra, que me bateu uma tristeza de fim de mundo, fina como se preza dor de fato, sem consolo de remédio. Não carecia fazer balanço pra descobrir a origem: quando a bênção é grande, adeus é maldição. Mas deixe estar, ano que vem tem mais. Mais escritores, mais livros, mais inteligência exposta, mais do mais e do melhor, que o Fernando é (pelas mais variadas razões) nosso pequeno príncipe: responsável pelo que cativa. E isso, meus amores, não é pouco não, nem aqui, menos ainda na China. Hasta la vista, babies!