Acabou. Com
chuva, algum vento, um frio que chegava sorrateiro e tomava conta do espaço
onde a festa rolava despacito, despacito, como se houvesse muito tempo. Não
havia. Aquele era o dia predestinado, todos sabiam disso. Começara cedo, quando
a umidade ainda se concentrava nas cumulus nimbus que se aglomeravam no
horizonte. O pessoal da técnica ocupando os elevadores com câmeras, microfones,
fios, muitos fios, a gurizada da produção empilhando e empurrando cadeiras de
uma sala para outra, telefones e torpedos tilintando a toda hora. Quem já
chegou, onde estão, pra onde, como, quando, quantos, então tá, vamos ver, ok?
Chega a hora
marcada, passa a hora marcada, público e convidados se ajeitam, se apresentam,
soltam o verbo, João, Miguel e Carlos esbanjam o que sabem, os bocejos rareiam,
a platéia se deleita e dê-lhe perguntas e dê-lhe respostas e o dia alcança o
brilho para o qual fora proposto. Bons augúrios. Depois ainda tem a arte de
Drummond, a voz do ventríloquo, quilates de poesia lida e contada em mais de
seis minutos, o samba de Fabiana, Paulo e Marcelino, a música de uns carinhas
bem legais, mesas arredadas pro povo
sacolejar e beber e dizer a que veio e essas coisas todas que se diz e troca
quando a despedida é iminente e as saudades se prometem eternas.
Foi aí, bem
aí, no meio do começo do júbilo da missão cumprida e s´mbora partir pra outra,
que me bateu uma tristeza de fim de mundo, fina como se preza dor de fato, sem
consolo de remédio. Não carecia fazer balanço pra descobrir a origem: quando a
bênção é grande, adeus é maldição. Mas deixe estar, ano que vem tem mais. Mais
escritores, mais livros, mais inteligência exposta, mais do mais e do melhor,
que o Fernando é (pelas mais variadas razões) nosso pequeno príncipe: responsável
pelo que cativa. E isso, meus amores, não é pouco não, nem aqui, menos ainda na
China. Hasta la vista, babies!